As
razões para os conflitos entre estudantes dentro das escolas vão desde brigas
provocadas por disputa por namorados, cortes de cabelo e times de futebol até
facadas por questões ligadas ao tráfico de drogas.
Diariamente,
estudantes trocam as carteiras escolares pelos bancos da Delegacia para o
Adolescente Infrator (DAI), em Brotas. Em 136 dias letivos de 2012 –, excluindo
o recesso junino, os feriados e quatro dias de paralisações nacionais -, foram
registradas 138 ocorrências policiais envolvendo estudantes em escolas das
redes estadual, municipal e particular.
As razões para os
conflitos entre estudantes dentro das escolas vão desde brigas – com lesões
corporais – provocadas por disputa por namorados, cortes de cabelo e times de
futebol até facadas por questões ligadas ao tráfico de drogas.
Das 138 ocorrências
registradas este ano, 103 aconteceram dentro de escolas da rede estadual de
ensino, segundo a delegada Claudenice Mayo, titular da DAI - e durante 115 dias
os professores estaduais estiveram em greve, o que afetou o funcionamento da
maioria das escolas de Salvador. “São fatos que aconteceram dentro ou na porta
das escolas. Todo dia tem um registro policial envolvendo aluno de alguma
escola aqui na delegacia”, pontua.
Na quinta-feira 20 – 09 - 2012, o estudante Thailson da Silva Paranhos,
17, foi morto a facadas em frente à Escola Estadual Teodoro Sampaio, em Pirajá.Ele
vestia a farda da Escola Estadual Alberto Santos Dumont. Segundo a polícia, ele
teria ameaçado um aluno da Teodoro Sampaio.
Familiares não quiseram falar durante sepultamento do corpo de Thailson,
morto em frente à escola
O corpo do
estudante foi sepultado ontem à tarde no Cemitério Municipal de Pirajá. Além
dos familiares, colegas da escola compareceram fardados à cerimônia. A família
de Thailson não quis falar com a imprensa. Até a data do sepultamento, ninguém
tinha sido detido.
E esse foi o
segundo caso na mesma semana. Na segunda-feira dia 17 – 09 -2012, Emile Raiana
Barbosa dos Santos, 14, foi morta a facadas em Periperi, depois de uma
briga em que sua irmã se envolveu na Escola Estadual Felipe Busquet. O
principal suspeito é um homem de prenome Cleidson.
A Secretaria da
Educação do Estado (SEC), através da assessoria, disse desconhecer a quantidade
elevada de ocorrências registradas na DAI, informou que vai solicitar dados
oficiais à Polícia Civil e que só então se pronunciará sobre as medidas que
toma. A SEC pontua que é feito um acompanhamento diário dos casos de agressão
que acontecem dentro das escolas junto com a Ronda Escolar da PM.
Motivações
Dos registros de ocorrências feitos este ano, há atos infracionais ocorridos em
escolas de mais de 70 bairros. “Eles discutem por tudo dentro da sala. Às vezes
por um corte de cabelo que um acha feio começa o bullying e quando vemos a
situação já é de confronto físico entre os alunos”, conta uma professora de
Português que trabalha há 15 anos na rede estadual.
“Em anos anteriores
já tivemos casos de estupro e de homicídios até dentro da sala de aula. Esses
atos são resultado da violência que os estudantes já carregam da vida externa
para as escolas”, diz Mayo.
A entrada de armas,
principalmente brancas, dentro das escolas, é questão complicadora da segurança.
A falha de segurança, segundo a delegada, só pode ser resolvida com trabalho
conjunto de pais e professores. “As escolas são inseguras. Já se pensou até em
colocar detector de metais, mas não foi viável. É fundamental que os pais
observem os pertences dos seus filhos e que as escolas façam vigilância
constante”, diz Mayo.
Ontem, a delegada
Claudenice Mayo realizou uma palestra no Colégio Estadual Brigadeiro Eduardo
Gomes, em Brotas. Falou sobre os direitos e deveres dos adolescentes. Na
exibição, os alunos sabiam responder de imediato questões relacionado a crimes.
“Eles convivem com a criminalidade e acaba sendo uma rotina falar dessas
coisas”, diz a delegada.
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